Cheguei a New Delhi no comeco da manha e ainda se sentia aquela leve brisa morna que indica que o dia vai ser caloroso. Confesso que nao senti o ar pesado de poluicao que toda a gente me falou que havia em Delhi (se calhar porque ja estou na Asia ha tres meses), mas senti a o ar pesado dos vagabundos e sem abrigo que se arrastavam pelo chao da estacao de comboios, muitos dos quais vivem aqui. A verdade e que a primeira impressao de uma cidade indiana e sempre a pior pois o primeiro contacto que se da, normalmente, faz-se na estacao de comboios ou de autocarro e claro com arrasto de tudo o que vem associado a isso. Mas como tudo na vida, tudo tem o seu lado bonito e o seu lado feio, e isto e a India, e para alem de todas as coisas fabulosas que este pais tem para oferecer, tambem existem as coisas nada fabulosas como a pobreza e miseria de muita gente. Os preambulos desta minha viagem pela India, escolheram New Delhi como a ultima cidade a explorar neste pais incrivel, para me ensinarem que aqui na India existem apenas duas condicoes sociais, dois contrastes, a cara e a coroa da moeda, resumidos a duas origens, nao importa a casta , sexo ou profissao: "The Darkness" e "The Light".
New Delhi e uma cidade gigante com cerca de 12,5 milhoes de habitantes (2 milhoes mais de habitantes do que em todo o territorio portugues) sendo a segunda cidade mais povoada da India (a primeira e Mumbai com 13,5 milhoes de habitantes). Esta cidade nem sempre foi a capital do pais. Antigamente durante a era colonial britania a capital estava em Calcuta, mas devido a divisoes politicas no seio da cidade o governo britanico decidiu mudar a capital para New Delhi. Em 1947 quando a India se declarou independente da Inglaterra, New Delhi foi entao nomeada a capital do novo pais e e assim desde entao.
Como qualquer cidade grande e necessario algum tempo para visitar esta gigante metropole. Viajar devagar na India permite disfrutar um pouco da calma, tranquilidade e delicias da India que so se encontram nos momentos de lazer fora das agitadas ruas e vielas, como restaurantes, cafes, locais de Chai, jardins, museus, etc, e ao fim de um mes na India e mesmo o que estou a precisar. Cinco dias em New Delhi vao repor a energia (ou nao :D) que preciso para voltar a Bangkok e dai regressar a casa.
Paharganj
Como em outras cidades da Asia, e necessario reservar alguns momentos para deambular pelas ruas sem procurar nada em concreto, apenas apreciar a vida, os cheiros, os sabores e os sons da India. Como ainda nao tinha comprado nada para levar de volta a casa durante toda a viagem, aproveitei as minhas deambulacoes com rumo incerto para encher a mochila de iguarias indianas.
O bairro de Paharganj (que by the way, e a zona de backpackers aqui de New Delhi e tambem a zona onde me instalei no exotico hotel Anup) e uma das zonas comerciais com mais vida que se podem encontrar aqui em New Delhi. Desde lojas feitas a medida do turista, a mercados locais e lojas de pequenos comerciantes, pode-se encontrar de tudo: especiarias, chas, incensos, ceramicas, roupas, artesanato, etc.
So o facto de caminhar e observar ja e suficiente para distrair qualquer pessoa, mas aqueles que gostam de largar a pasta, entao encontraram aqui um paraiso. Neste bairro foi onde instalei a minha base, e esta claro passei muito tempo por aqui pois era neste sitio que comecava e terminava os dias. Entre as minhas rondas de exploracao, bem ao estilo capitao do mato (urbano), descobri magnificos sitios onde se comia um thali sublime, disfrutava sempre do meu lassi diario e de uns Chais aqui e ali.
A melhor parte do dia era sem duvida o magnifico sumo natural de manga que tomava 3 vezes por dia, que um senhor muito simpatico me servia no seu estanco apenas por 5 rupies (menos de 0,10 eur).
O bairro de Paharganj (que by the way, e a zona de backpackers aqui de New Delhi e tambem a zona onde me instalei no exotico hotel Anup) e uma das zonas comerciais com mais vida que se podem encontrar aqui em New Delhi. Desde lojas feitas a medida do turista, a mercados locais e lojas de pequenos comerciantes, pode-se encontrar de tudo: especiarias, chas, incensos, ceramicas, roupas, artesanato, etc.
So o facto de caminhar e observar ja e suficiente para distrair qualquer pessoa, mas aqueles que gostam de largar a pasta, entao encontraram aqui um paraiso. Neste bairro foi onde instalei a minha base, e esta claro passei muito tempo por aqui pois era neste sitio que comecava e terminava os dias. Entre as minhas rondas de exploracao, bem ao estilo capitao do mato (urbano), descobri magnificos sitios onde se comia um thali sublime, disfrutava sempre do meu lassi diario e de uns Chais aqui e ali.
A melhor parte do dia era sem duvida o magnifico sumo natural de manga que tomava 3 vezes por dia, que um senhor muito simpatico me servia no seu estanco apenas por 5 rupies (menos de 0,10 eur).
Connaught Place
Esta praca e uma das atraccoes principais de New Delhi. Se fosse Lisboa, eu diria que estava na Rua Augusta. A praca esta dividida em sectores e compoe o principal centro comercial e financeiro da cidade. Pela sua forma peculiar e pelas maginicas arcadas de marmore branco e uma area tranquila para se passar uma tarde a passear e ver lojas, gente e tranquilidade fora da confusao da cidade velha, se bem que aqui ja estamos a falar de cadeias internacionais como a Reebok, Bata, Benetton, etc.
Mesmo no encalce da Connaught Place esta o Palika Bazaar, um mercado subterraneo que mais parece uma estacao de metro circular. Aqui volta-se de novo a India mais caotica e a sua confusao. Estive ali dentro pouco mais de uma hora e sai completamente stressado e irritado pois e impossivel caminhar sem se ser abordado constantemente por todos os vendedores com o "Hallo, sir!", "Where you from sir?", "May I help you sir?", "What you looking for sir?". Esta bem que a parte do sir e um bocado lambe botas, mas e divertido, aqui um extrangeiro sente-se importante, por mais miseravel que seja no seu pais de origem. Mas estes gajos dao cabo da paciencia de qualquer pessoa e eu nao fui excepcao. O que irrita e que nao faz parte do seu comportamento normal como no Vietnam ou na Tailandia, em que abordam toda a gente da mesma forma, sejam extrangeiros ou nao. Os indianos, sao outra estirpe de asiaticos. Um extrangeiro/turista/viajante e um saco de rupies com pernas e todos os pretextos sao validos para fazer saltar o dinheiro ca para fora. Tive abordagens completamente surreais, desde gajos a quererem-me limpar as orelhas dizendo que eram magnificos no seu trabalho e comprovando o facto com papeis escritos por turistas a corroborar, ate engraxadores a dizer que me limpavam os chinelos. As vezes vou andando pelas ruas e vem alguem ter comigo, dizendo que e estudante e quer praticar o ingles. Passado menos de um minuto ja te esta a tentar vender alguma coisa. Enfim de tudo o que vi na cultura da India o que menos gostei foi esta parte de engano permanente, com simulacoes de simpatia e hospitalidade.
Depois de sair completamente esgotado do Palika Bazaar, decidi ir descansar as pernas e tomar alguma coisa por ali. Caminhei para sul da praca e deparei-me com o Tibetan Bazaar. Este mercado e um pouco mais achinesado e podem-se encontrar coisas mais orientais segundo o conceito de orientais que tenho. Toda a zona esta repleta de lojas com coisas bem exoticas para decorar a casa, e apesar de ja estar cheio de sacos nas maos, queria sempre comprar tudo o que via. Ainda pensei em enviar coisas para casa. Aqui na India os correios tem um servico que se chama S.A.L. e que apenas por 27 eur. pode-se enciar 10kg de mercadoria para a europa demorando apenas 15 dias. Rejeitei de seguida tal pensamento consumista, afinal eu sou um pe de chinelo e levo o que puder na minha mochila, como sempre fiz, a moda antiga... No total em New Delhi aumentei a minha carga em 9 kg, o que significa que tenho que deixar muita carga pelo caminho.
New Delhi
Ufffffaaaaa! So de me lembrar de este dia ja me doem as pernas, ha muito tempo que nao caminhava tanto, debaixo de tanto calor. Olhando o mapa enquanto tomava o pequeno almoco vi que as distancias eram bem grandes e que apenas de metro nao me safava. O metro e bem moderno e muito barato para o servico que oferecem. Antes de se entrar na estacao tem que se passar um controle de seguranca com detector de metais e raios X para a bagagem. Em cada comboio do metro ha um vagao reservado especialmente para mulheres, uma gota de sensatez, num oceano machista. A primeira vez que andei de metro nao sabia que era assim e entrei exactamente neste vagao. Esta claro que todas as senhoras me olharam com cara de "Mas o que e que tu estas a fazer aqui o meu?" e o seguranca muito subtilmente me aponto o sinal "Only Women"...
Contrariando qualquer sinal de homossexualidade, uma coisa bem estranha e engracada na cultura indiana e que os homens gostam de andar pela rua de maos dadas. Aprendi que em muitos sitios da Asia, especialmente na India, andar de maos dadas com um amigo na rua e o melhor sinal de demosntracao de amizade hetero que se pode ter com um amigo. O que e um facto e que vi dezenas de homens de maos dadas pelas ruas, mas nenhum casal (de homem e mulher) actuando da mesma forma, pois a demosntracao de carinho entre homem e mulher em publico, e uma coisa obscena. Como diria o Obelix se estivesse aqui "Estao loucos estes... indianos..."
Apenas sai na estacao de JLN Stadium vi que estava na zona in da cidade, estadio de futebol, resort de golf, universidades e condimonios fechados, se me pusessem aqui por magia sem ter visto outras partes da cidade diria que neste pais a gente vive muito bem. Comecei a andar pela avenida principal em direccao a Humayun's Tomb mas a meio caminho tive que apanhar um autocarro que passava naquela direccao pois com o calor que fazia ia chegar ali completamente desidratado. Mesmo assim caminhei durante cerca de meia hora e nem a metade do caminho estava.
Contrariando qualquer sinal de homossexualidade, uma coisa bem estranha e engracada na cultura indiana e que os homens gostam de andar pela rua de maos dadas. Aprendi que em muitos sitios da Asia, especialmente na India, andar de maos dadas com um amigo na rua e o melhor sinal de demosntracao de amizade hetero que se pode ter com um amigo. O que e um facto e que vi dezenas de homens de maos dadas pelas ruas, mas nenhum casal (de homem e mulher) actuando da mesma forma, pois a demosntracao de carinho entre homem e mulher em publico, e uma coisa obscena. Como diria o Obelix se estivesse aqui "Estao loucos estes... indianos..."
Apenas sai na estacao de JLN Stadium vi que estava na zona in da cidade, estadio de futebol, resort de golf, universidades e condimonios fechados, se me pusessem aqui por magia sem ter visto outras partes da cidade diria que neste pais a gente vive muito bem. Comecei a andar pela avenida principal em direccao a Humayun's Tomb mas a meio caminho tive que apanhar um autocarro que passava naquela direccao pois com o calor que fazia ia chegar ali completamente desidratado. Mesmo assim caminhei durante cerca de meia hora e nem a metade do caminho estava.
A Humayun's Tomb e uma historia que nao e a do Taj Mahal, mas poderia ser, pois os edificios sao muito parecidos e o conteudo e o mesmo. Este monumento foi construido como sepultura do imperador Mughal Humayun sob ordens da sua esposa Hamida Banu Begum depois do homem morrer. Quem ve o edificio facilmente encontra muitas semelhancas com o Taj mahal e esta claro porque tambem foi declarado patrimonio da humanidade pela UNESCO.
Foi construido com marmore vermelha e marmore branca dando-lhe um toque sui geniris que pessoalmente na minha opiniao nao fica (muito) detras do Taj Mahal. A historia e parecida mas nao e tao tragica. No final metade da familia do imperador foi enterrada aqui, assim como a esposa Hamida que mandou contruir o templo e ate o barbeiro preferido do monarca.
Foi construido com marmore vermelha e marmore branca dando-lhe um toque sui geniris que pessoalmente na minha opiniao nao fica (muito) detras do Taj Mahal. A historia e parecida mas nao e tao tragica. No final metade da familia do imperador foi enterrada aqui, assim como a esposa Hamida que mandou contruir o templo e ate o barbeiro preferido do monarca.
Tive de apanhar um autocarro para o meu proximo destino se nao queria derreter a sola dos chinelos no alcatrao incandescente das ruas sem sombra, que calor fazia ali, por deus. Foi interessante pois apanhei o autocarro sem saber para onde se dirigia e andei as voltas pela cidade ate que passei numa rua relativamente perto do sitio que queria visitar de seguida.
Ainda tive de caminhar meia hora para chegar ao Mohandas Ghandi Smriti, o sitio onde o Ghandi viveu os ultimos 144 dias da sua vida e onde foi assasinado. A historia da India nao seria a mesma sem este visionario e toda a gente lhe tem muito carinho por aqui. Tal como no Vietnam o uncle Ho tem a sua cara impressa em todas as notas de dong, aqui na india quem teve tal privilegio foi o sr Mohandas Ghandi. Neste espaco esta a casa onde o Ghandi viveu os seus ultimos dias e dela fizeram um museu completamente dedicado a sua historia e causa, onde se podem ver os seus aposentos e alguns dos seus objectos pessoais.
Este homem foi assasinado por um extremista hindu com 4 tiros de revolver no peito, quando se dirigia para as suas rezas diarias num pequeno templo no jardim que alberga esta casa. Como homenagem, marcaram no chao umas pegadas de cimento simulando os seus ultimos passos antes de morrer e no local da sua morte ergueram uma pequena coluna a qual chamaram "a coluna do martir".
Este homem foi assasinado por um extremista hindu com 4 tiros de revolver no peito, quando se dirigia para as suas rezas diarias num pequeno templo no jardim que alberga esta casa. Como homenagem, marcaram no chao umas pegadas de cimento simulando os seus ultimos passos antes de morrer e no local da sua morte ergueram uma pequena coluna a qual chamaram "a coluna do martir".
Old Delhi
O distrito de Old Delhi e um bairro bem patusco e acho que as melhores fotos que tirei em New Delhi consegui-as aqui. A arteria principal do bairro e a rua Chandi Chowk e a partir dai e dar asas a imaginacao, sem esquecer passar pelos 3 "musts" desta zona, o Red Fort, o Spice Market e a Jama Masjid, a maior e mais antiga mesquita de toda a India.
Caminhei, caminhei, caminhei e simplesmente adorei, foi um dia muito inspirador e tudo o que vi deixou-me cheio daquele sentimento que so quem viaja e descobre uma cidade e uma cultura novinhas em folha pode receber.
Deambulando pelas ruas e vielas de Old Delhi
O unico incidente que tive foi na entrada da mesquita Jama Masjid, quando me queriam cobrar 200 rupies para poder entrar com a maquina fotografica. Eu como sabia que as mesquitas eram gratis, pois para alem de vir na Lonely Planet, ja tinha visitado outras mesquitas na Turquia, recusei, apesar de dizer que nao queria tirar fotografias. Mas estes gajos aqui na india sao bem ciganos e um pouco, desculpem-me a expressao, cabroes, e nem um espaco religioso escapa. Disseram-me "Ah, volta amanha sem a maquina fotografica, deixa-a no hotel e ja pode entrar, senao tens de pagar 200 rupies", isto nas minhas barbas a entrarem indianos com brutas canon's e sem pagar, pois esta claro que esta regra (como em todos os monumentos de interesse turistico na India) e so para extrangeiros. Tudo bem. Dei a volta e como a mesquita tem 3 portas tentei a minha sorte na segunda entrada, mas desta vez, com a maquina fotografica metida nas cuecas. Revistaram-me mas como nao encontraram nada tudo bem nao tinha que pagar, mas disseram-me que nao podia entrar de calcoes e que o pano para por a cintura custava 2 dolars porque era para mim. Onde e que ja se viu uma mesquita a cobrar aos visitantes para tapar as pernas? Tudo bem mais uma vez. Entrei visitei e ainda levei uma lavagem cerebral de um estudante que me comecou a falar do corao e do maravilhoso que era o islamismo, e bla bla bla, que acabei por levar uma seca de meia hora. Sai pela terceira porta, aquela que ainda nao tinha ido, e com muitas fotos na maquina fotografica, larguei o pano ali mesmo na entrada, quando o guarda estava distraido e fui a minha vida...A fabulosa mesquita de Jama Masjid
Aproveitei a minha passagem por Delhi vaziar a mochila de coisas que ja nao preciso e dar aqueles que nada tem e que mais necessitam. Ja tinha planificado isto desde o inicio da viagem, por isso trouxe apenas roupa velha que ja nao uso muito, para poder deixar aqui na India antes de me ir embora e levar na mochila coisas que nao encontro na Europa. A minha questao sempre foi "A quem dar o que e que tipo de coisas?". Muita da gente que e realmente pobre nem sequer fala ingles e dar-lhe por exemplo medicamentos e a mesma coisa que deitar fora.
Certa tarde tomando um Lassi junto a Main Bazaar street no bairo de Paharganj veio um senhor falar comigo. Estava vestido com um estilo modestamente intelectual, mas inspirava um ar senaato e as suas palavras foram as de alguem instruido. Este senhor era um professor proveniente do Butao e estava aqui na India para ensinar ingles, ja que no seu pais o governo tinha-o reformado e nao o deixava trabalhar mais por aquelas bandas. Decidiu vir para a India pois ainda tinha que ajudar a sua familia economicamente e contou-me a sua historia. Filho de um professor de meditacao, este homem, budista devoto, voltou-me a maravilhar com todas as coisas maravilhosas que vejo naqueles que praticam meditacao, nao pelos seus beneficios, mas pela calma e estilo de vida que inspiram. Apesar de gente humilde, senti-me pequeno ao pe deste homem. Enquanto tomavamos um Chai num cafe ali perto, viajei nas suas palavras ate a sua aldeia nas montanhas do Butao, senti o cheiro e os sabores da sua cultura, senti a calma da natureza e conheci a sua familia. Explicou-me que tinha de voltar a casa pois aqui em Delhi nao estava a conseguir dinheiro suficiente que desse para poupar e enviar para casa e para conseguir poupar tinha que passar mal muitas vezes, comendo a comida mais barata que encontrava e bebendo agua da torneira. Disse-me que desde Delhi ate casa a viagem demora cerca de 3 dias. Decidi dar-lhe os meus remedios e utensilios de sobrevivencia para que tenha uma viagem mais confortavel, mas tambem porque sendo uma pessoa instruida, de certeza que lhes vai dar o melhor uso, seja para ele ou para outras pessoas que conheca que necessitem. Alem disso e budista, e eu nao podia dar outra coisa a um budista, que nao medicamentos.
No dia seguinte voltei a encontrar-me com ele no mesmo sitio e expliquei-lhe a posologia dos antibioticos, analgesicos, comprimidos purificadores de agua, etc. Dei-lhe tambem "mosquito coils", repelente de insectos, talheres de campismo, protector solar e outras coisas que ja nao me faziam falta.
Tinha tambem roupa, um cobertor e um lencol, bem como shampos, sabao e detergente de lavar roupa para dar, mas decidi guardar estes elementos para os pobres desgracados da rua, que andam sempre todos rasgados e dormem nas estacoes de comboios. Assim que sai do hotel com um saco decidi oferecer o saco a primeira pessoa que me viesse pedir dinheiro ou a primeira pessoa que eu visse que realmente necessite. Ironia do destino, caminhei mais de uma hora com o saco da roupa e ninguem me abordou (ao contrario dos outros dias que passei na India) nem vi nenhum pe descalco. Acho que por causa da chuva. Como as moncoes estao a chegar as vezes a chuva e bem forte, e foi o que aconteceu esta manha. Finalmente deparei-me com um homem a dormir numa escada e dei-lhe a manta e o lencol e deixei as T-Shirts e os calcoes pendurados debaixo de uma arvore onde claramente dormia mais gente.
Descobri que em Delhi ha mais de 100.000 criancas abandonadas que nao tem casa nem familia, pois muitas delas fogem pelos problemas de carencia que tem na sua casa e outras simplesmente se perdem das suas familias nas multidoes durante viagens e nao sabem voltar a casa pois simplesmente nao sabem onde vivem, nao sabem os nomes das suas familias e muitas delas nem sequer tem nome. Certa tarde parei num "chiringuito" numa rua mulsumana, mesmo ao lado da mesquita e decidi comer umas samusas e um pao com batata, panado num molho amarelo e depois frito (que nao sei o nome) mas e muito agradavel. Comprei alguma destas coisas e sentei-me numa escadaria a comer. Apenas tinha trincado a primeira samusa, vieram logo algumas criancas a pedir-me comida. Esta claro que nao pude fazer outra coisa que nao dar-lhes o que tinha e fui comprar mais. Como aqui crianca puxa crianca, assim que estava a comprar mais comida, senti um puxao na T-shirt e vi que duas meninas me pediam comida. Comprei-lhes o que elas queriam. Sentei-me outra vez na escada e mais uma vez tive de dar o que estava a comer. E revoltande viver estas situacoes e e tambem muito triste, por isso decidi ir-me embora dali e afinal quem ficou cheio de fome fui eu, mas nao aguentaria dizer que nao a esta gente pequenina. De toda a gente pobre que vejo nas ruas, as criancas sao as que mais me impressionam. Isto e o que os indianos denominam "The Darkness".
Os indianos ricos, tem a mania que ser ocidental e ser cool, vestem-se e comportam-se como tal, seja de calcoes ou de mini-saia, e com penteados super fashion victim. Nada de sairee nem tradicoes retrogadas (a nao ser os casamentos arranjados). Contaram-me uma historia de gente supostamente avancada para a sociedade. Como se sabe os casamentos na India sao arranjados pelas familias e normalmente os noivos so se veem no dia da cerimonia. Certa familia snob, que estando triste com a infelicidade que tal situacao tras aos seus filhos decidiu abrir uma porta a tradicao. A sua filha tinha direito de escolher o seu marido, mas os namorados escolhia-os a familia. Se ela nao gostasse do namorado, podia acabar com ele e a familia arranjava-lhe outro. Isto sim que e progresso...
Estava ja no aeroporto para apanhar o voo de volta a Bangkok e constatei o que ja tinha lido no livro "The white tiger". Os ricos nao gostam de falar indiano, por isso falam entre eles em ingles. A minha frente no controle de passaportes estava uma familia com duas criancas pequenas. As instruccoes que os progenitores davam aos filhos eram sempre em ingles e quando uma das criancas respondia em hindu era repreendida com um "Please answer your father in english, Salem, ok?". Eu acho o sotaque bem original e as mulheres indianas a falar ingles tem uma forma de dizer as palavras bem sexy.
Estava ja no aeroporto para apanhar o voo de volta a Bangkok e constatei o que ja tinha lido no livro "The white tiger". Os ricos nao gostam de falar indiano, por isso falam entre eles em ingles. A minha frente no controle de passaportes estava uma familia com duas criancas pequenas. As instruccoes que os progenitores davam aos filhos eram sempre em ingles e quando uma das criancas respondia em hindu era repreendida com um "Please answer your father in english, Salem, ok?". Eu acho o sotaque bem original e as mulheres indianas a falar ingles tem uma forma de dizer as palavras bem sexy.
Os bairros dos ricos, sao condominios fechados com seguranca e arame farpado, oasis no meio do deserto, que poderia ser qualquer sitio de gente rica em paises pobres. Esta e a "Light".
Next move to Bangkok, para terminar a viagem em beleza, exactamente onde comecei...
Nenhum comentário:
Postar um comentário